Kilmainham Gaol


Sempre fujo de visitas em grupo. Grandes grupos de excursão me dão calafrios só de lembrar, sou muito mais do grupo dos individualistas que querem ver aquilo que os interessa. Tenho um arrependimento absurdo da minha viagem ao Canadá, onde eu mal opinei no roteiro, mesmo que no fim ela tenha sido muito legal. Não é coincidência que um dos momentos que mais gostei foi quando peguei um mapa e fiquei andando perdida pelos túneis subterrâneos de Montreal sozinha, sofri para achar o hotel e fui procurar um chinês qualquer para comprar minha janta que se resumiu à um bolinho agridoce com carne e passas, uma coisa horrível, mas tinha cara de porquinho então era bonitinho.
Tá, qual é o motivo desse papo? Participei de um grupo e fui com a escola (sempre dava uma desculpa boba e não ia nos passeios) conhecer a Kilmainham Gaol. Deu tudo errado porque o grupo não tinha sido marcado, me irritei e no final ainda me perdi do resto do pessoal a maior parte do passeio porque queria tirar calmamente fotos do local e todo mundo ficava me apressando. Ponto pra minha teoria solitária.

A Kilmainham Gaol é uma antiga prisão, agora desativada, que se tornou um Museu. A história da Irlanda é complicada e tem feridas recentes. Bom, isso é uma coisa que me fascina, até agora fui a única pessoa que eu conheci que tinha estudado com atenção a história irlandesa (no meu casos graças à Fuvest) e essa prisão era algo que eu queria ir, mas sempre adiava. Ela não é longe do centro e achei bem interessante, mas vai um aviso: vá com um inglês bom porque os guias falam rápido e vi muita gente da escola com cara de quem não estava entendo nada.
É barato de entrar, com a carteirinha irlandesa de estudante foram €2 e eles tem desconto para grupos.
O clima do local é pesado, pelo menos quando eu entrei já me senti meio desconfortável. Quando se sabe quantas pessoas foram aprisionadas e mortas naquele lugar, sentir calafrios é o mínimo até porque as balas nas paredes não nos deixam esquecer disso, lá estão elas mesmo após a restauração.
Confesso que mal prestei atenção no que a guia dizia porque queria tirar fotos e, como disse, já havia lido a história da Guerra e lido sobre a prisão em si.

Ah, um nota sobre as fotos: minha lente está uma bosta, a baioneta quebrou então ela fica desencaixando e caindo, além de deixar mais luz entrar e isso desregular tudo. Então as fotos ficaram bem prejudicadas porque eu tinha que controlar manualmente foco, abertura e exposição sem poder confiar no fotômetro e tudo isso enquanto ficava segurando a lente que não encaixa mais. Malabarismo dos grandes e é por isso que tem tanta foto na vertical que fica tudo errado quando redimensiona e posta (por isso estão pequenas), mas era isso ou ficar juntando a lente do chão toda hora (dói na alma quando isso acontece).
Fora que tirar fotos de locais nunca foi meu forte ou algo que eu gostasse, eu gosto de fotos de detalhes, ângulos estranhos, nada muito tradicional-turístico-documental. hahaha

Indicações e uma maquete da prisão

Na entrada encontramos um grupo do País de Gales (Wales) que estavam com essas camisetas legais!


Entrada do tour, ele só pode ser feito com guias e tem horários específicos para chegar, além de filas. Na última foto da direita uma balança que fica na entrada mas que eu esqueci o resto das informações (shame on me).




Entramos na antiga capela e tivemos uma pequena introdução sobre a prisão, alguns dos presos mais famosos e algumas histórias. Há fatos interessantes como no começo ela não tinha celas separadas então crianças, mulheres e crianças eram mantidos conjuntamente em uma sala enorme. Claro que isso gerou muita confusão então ela sofreu uma reforma e passou a ter várias pequenas celas com um preso em casa. 
Outra coisa que me chamou atenção foi a história de um casal (Mr and Mrs Plunkett) que se casou na prisão. Como último desejo do homem, o casamento foi realizado. Eles ficaram casados apenas por três horas já que ele foi morto pouco depois - e ela continou presa. 


Gostei muito dos corredores não reformados e das trancas das portas, na verdade foram estas as coisas que eu mais gostei, muito mais interessante que o salão principal que foi todo reformado (blergh!) ou que o pátio que nada tem de muito diferente de pátio dos castelos que, sim, são legais, mas acho que eu me acostumei um pouco com eles já depois das viagens que fiz para o interior. 

Celas especiais para os presos mais importantes. Não sei se era o caso do Emmet também, mas o Parnell era político (membro do parlamento) e por isso acredito que tinha as regalias. A guia estava explicando isso, mas dei uma fugida para tirar fotos sem pessoas andando pra lá e pra cá nos locais então é informação achismo.

O salão principal:

Hora de sair e ir conhecer o pátio, fotos com muita claridade eram um tormento para mim por causa da lente quebrada, configurações absurdas foram necessárias.

Vocês sabem o porquê de a bandeira da Irlanda ter essas cores? Eu nunca havia me perguntado isso, mas hoje descobri. O verde representa os nacionalistas da Irlanda, o alaranjado representa os unionistas   (partidários de Guilherme de Orange) e o branco, por sua vez, representa a paz entre estes dois. 
Vale fazer aquela distinção grosseira: unionistas eram os protestantes, que queriam permanecer ligados à Inglaterra, maioria no território que é a atual Irlanda do Norte (UK) enquanto os nacionalistas eram os católicos, maioria da atual República da Irlanda. 


Resumidamente foi isso o que eu vi, lembrei e gostei da Kilmainham Gaol. O passeio durou, mais ou menos, uma hora a partir do momento que entramos (havia fila considerável). Eu, como disse, gostei do que eu vi afinal ver pessoalmente coisas que você estudava nos livros tem sempre um gostinho bom de realização. 
Depois de ir lá aproveitei e fui ao IMMA (Irish Museum of Modern Art) e amanhã ou depois posto as fotos de lá (gostei mais do que dessas aqui) e dos os jardins maravilhosos! Dei bastante sorte que estava um dia ensolarado e bonito.

Até mais,
Fernanda.

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